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Mulheres já são mais da metade do público casual de gamers e número de jogadores aumenta na pandemia

Notícias - Equipe Instituto Contemplo/ Lapidando Palavras




Os jogos eletrônicos seguem conquistando adeptos pelo mundo. A estimativa é que há mais de 2,3 bilhões de jogadores – sendo mais de 1 bilhão de mulheres. Esses números podem crescer com novos apaixonados que surgirão com o aumento de praticantes devido ao isolamento provocado pela pandemia de coronavírus. Já há pesquisas apontando o crescimento das atividades online de games em 75% nos Estados Unidos por conta do isolamento, segundo a operadora Verizon, multinacional de telecomunicação – bem maior que nas transmissões de vídeos (12%) e em acesso à internet (20%).


No mês da mulher, o Instituto Contemplo destaca o crescimento desse público que ainda luta para conquistar seu espaço e vencer o preconceito, dando dicas de saúde para as praticantes e às que pretendem ser gamers – e aos jogadores também.


Os levantamentos costumam dividir os jogadores em duas categorias: hardcore – que jogam mais de três vezes por semana em partidas que duram cerca de três horas – e o público casual – joga até três vezes por semana, em partidas de uma a três horas de duração. No Brasil, as mulheres são a maioria do público casual, com 58,8% do total, conforme a Pesquisa Game Brasil, estudo nacional realizado pelos grupos Sioux Group, Go Gamers, Blend News Research e ESPM para identificar as tendências e os comportamentos do público que consome jogos eletrônicos no país. O levantamento ouviu 5.110 pessoas em todos estados brasileiros. Os homens são maioria dos hadcore gamers, com 58,9%.


Helen Cerqueira, 17 anos, reforça o crescimento do público feminino no universo dos jogos eletrônicos, onde é conhecida como Yariax. Ela faz parte do time Celestial Wolves Gaming (@cwgoficial), que treina e realiza atividades na Academia Gamer instalada no Estádio Fonte Nova, em Salvador, Bahia. Atua como streamer na equipe (criadora de conteúdo) e faz vídeos no seu canal Twitch.tv/yariax, onde joga enquanto conversa com os internautas.


A paixão pelos jogos nasceu em casa. “Meus pais sempre jogaram e para mim é uma forma de distração muito importante. Eu me sinto bem. Preciso disso quando chego em casa”, afirma. O relaxamento é essencial para aliviar dos estudos a jovem que faz cursinho para prestar vestibular para Medicina. “Em 2017 e 2018 eu jogava todos os dias. No ano passado e neste reduzi um pouco para me preparar”. Foi justamente em 2017, quando ganhou um computador só para ela, próprio para rodar jogos, que se sentiu uma gamer de verdade.


Para o futuro, além de ser médica, pretende jogar profissionalmente e revela sentir-se realizada por conseguir unir essas duas paixões em sua rotina. “Desde pequena sonhava em ser médica, poder ajudar as pessoas. Aos 10 anos, quando caí de uma janela e os médicos salvaram a minha vida, na sala de cirurgia eu tive a certeza do que queria ser”. As paixões se cruzam novamente quando Helen comenta que o gostar de ajudar se manifesta também nos jogos, onde adora dar suporte aos outros jogadores.


Em meio a tantos motivos para comemorar, a gamer lamenta um desafio ainda grande: o machismo. “Estamos rodeadas por homens. Às vezes estou ao vivo e recebo mensagens pedindo para enviar fotos minhas, coisa que nunca fiz, não dou espaço para isso. Parece que está impregnado na cabeça dos homens que as mulheres precisam disso para conseguir alguma coisa”, lamenta. “Existem jogadoras boas, mas a oportunidade não chega. Está chegando aos poucos. Recentemente uma mulher ganhou um campeonato importante e eu me senti representada”. Ela diz que também quer fazer outras mulheres se sentirem assim.


Quando o assunto é o cuidado com a postura jogando quase todo dia por horas, revela que acaba ficando torta e às vezes coloca o pé sobre a mesa. “A postura afeta até a forma de jogar e pode dificultar apertar uma tecla”, explica. Por isso, o próximo investimento que pretende fazer é uma cadeira própria para jogar, na qual poderá manter melhor a postura.

Cuidado com a postura é fundamental


Com o aumento do número de jogadores, um público formado especialmente por jovens, não é de se estranhar ver crescer os problemas de coluna e outros resultantes da má postura.


“Observamos um número bem grande de pessoas com tendinite, sinusite e bursite em membro superior, ombro, cotovelo, punhos e dedos, um paciente que não existia antigamente, com menos de 15 anos porque está com dor no braço por uso demais. É muito similar à tendinite de um trabalhador, do digitador que fica 8 horas por dia digitando, só que muito mais jovem”, alerta o ortopedista Sergio Ricardo Costa. “Em alguns casos essa tendinite pode virar crônica. Como é um indivíduo mais jovem, o sistema músculo-esquelético não está totalmente desenvolvido. Ele vai sofrer mais as consequências desse uso exagerado, dessa repetição”.


Sergio Costa explica que há diferenças na constituição muscular entre homens e mulheres, já que em geral os homens têm maior massa muscular e, por isso, o impacto de horas jogando pode ser diferente. Mas avisa que os cuidados são necessários para todos.


O ortopedista destaca que se o número de horas jogando não for exagerado, não há problema. Mas, como qualquer atividade, se fizer demais, pode provocar consequências. “O primeiro problema é postural, porque quem joga videogame não tem aquela postura de escritório, com coluna reta, monitor bem localizado e antebraço apoiado. Geralmente joga como dá, com teclado no colo, deitado no chão, olhando para o teto e com a cervical toda torta. Às vezes com o mouse ou joystick ruim, forçando algumas articulações”, diz, esclarecendo as consequências. “A gente observa muito problema na coluna que não tem origem apenas no jogo, mas também no uso exagerado do computador, celular e outros aparelhos. Atendemos às vezes pacientes com dores no dedo polegar, que é muito utilizado para jogar game”.


Ele conta que há casos em que a dor é tão forte que precisa imobilizar com gesso ou órtese para ficar uma semana parado. “Eles ficam bravíssimos. É quase uma abstinência”, revela. “Eles já chegam dizendo: ‘Dr. estou com dor e acho que é de tanto jogar’. Quando pergunto quanto tempo de jogo, muitos contam que jogam 4 horas por dia e no final de semana o dia inteiro”.


Aos gamers, o ortopedista indica cuidados importantes, que são semelhantes a quem trabalha com esforço repetitivo: a cada duas horas fazer uma pausa de 15 a 20 minutos e nesse período andar um pouco, alongar o membro superior, fazer algum exercício para melhorar a circulação e a postura dessa região. Jogar sempre com a coluna e o membro superior apoiados, para não ficarem “flutuando” com apoio em apenas um local e o restante pendurado. Para complementar, fortalecimento muscular com a prática de esportes.

Olhos também precisam de atenção

Em qualquer tarefa que exige mais atenção visual, como passar um longo tempo na frente do computador, nós piscamos menos e os olhos podem ressecar. O aviso é dado pelo oftalmologista Helder Costa Filho, secretário geral da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Ele conta que homens e mulheres são igualmente afetados. “Antigamente, na década de 1980, acreditava-se que as mulheres pós-menopausa teriam o que a gente chama de olho seco. Depois se descobriu que homens e mulheres têm e a lágrima muda a composição ao longo da vida. Também sabemos hoje que alguns medicamentos, geralmente antidepressivos e remédios para pressão alta, podem alterar a composição da lágrima, assim como algumas doenças, como as reumáticas. Quando isso acontece é preciso ajudar a lubrificação natural do olho”. Entretanto, o oftalmologista esclarece que esse ressecamento não ocorre somente diante de telas – quem fica muito tempo lendo um livro impresso, por exemplo, também pode sentir.


Além de um longo tempo com atenção em uma tarefa visual, outro fator que costuma causar ressecamento é o uso do ar condicionado, que geralmente é utilizado junto com o computador. Isso acontece, segundo Helder Costa, porque o ar condicionado diminui a umidade do ar.

Uma dúvida que muita gente tem é sobre um hábito comum entre gamers, de normalmente utilizar telas muitos grande, ficar próximo delas, e também pela emissão de luz. Conforme o médico, antigamente se pensava que esses fatores eram prejudiciais, que a emissão de raios catódicos poderiam afetar a visão, propiciar catarata mais precoce, por exemplo, mas que essas crenças “caíram por terra” e que a emissão da luz não traz qualquer problema maior.

Ele compara quem joga game por uma hora com quem lê por uma hora: “Se a luz do aparelho for muito brilhosa, o cansaço visual será mais precoce do que numa condição normal. Se não, é igual. Fala-se e não tem nada provado de que quem está vendo TV ou computador precisa ter uma luz acesa no cômodo, mas isso não procede”.

Para quem sente ressecamento nos olhos, Helder Costa indica ter sempre a mão um colírio lubrificante. “A córnea é como se fosse um vidro de relógio em cima do olho. Quando resseca, você sente uma ardência. Quando pisca melhora, porque a pálpebra dá uma ‘lambida’ e lubrifica a córnea. O próprio olho quando está ressecado começa a produzir mais lágrima para poder compensar esse ressecamento, fazer a lubrificação”, ressalta. “O primeiro sintoma do ressecamento costuma ser uma leve ardência. Se não lubrificar, vem a sensação de corpo estranho e, se não lubrifica, pode sentir uma pontada de dor. Mas dificilmente vai chegar nesse ponto da pontada”.



Quem sente muito desconforto nos olhos pode ter outros fatores associados e deve procurar um oftalmologista para verificar e indicar um colírico. “O ideal é que todos façam periodicamente exames oftalmológicos”. Para quem é gamer, uma dica: “Se você depende disso para trabalhar, é sua atividade-fim, como gamers que ficam horas e horas treinando, sua visão é essencial para a sua atividade. Como um atleta vai a um cardiologista, ao ortopedista, para ter melhores condições para o desempenho é preciso consultar o oftalmologista uma vez por ano”.


Nossos agradecimentos á Helen Cerqueira (Yariax) - streamer na equipe Celestial Wolves Gaming (@cwgoficial), Dr. Sergio Ricardo Costa, médico ortopedista e Helder Costa Filho, oftalmologista e secretário geral da Sociedade Brasileira de Oftalmologia.


Este conteúdo é exclusivo do Instituto Contemplo, por favor, caso compartilhe informe a fonte.

Colaboração: Lapidando Palavras

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