02/03/2020 - Notícias - Equipe Instituto Contemplo/ Lapidando Palavras

O coronavírus chegou ao Brasil trazendo, junto com o temor de uma epidemia, muitas dúvidas.
Entre entrar em pânico ou simplesmente ignorar os cuidados essenciais, os médicos alertam fontes confiáveis e cuidar da saúde não apenas porque o vírus é uma ameaça, mas porque essa atitude é importante sempre.
Roberta Schiavon, médica infectologista da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) diz que as
principais dúvidas que os profissionais de saúde percebem nos consultórios é sobre a melhor
forma de se prevenir e os motivos de antecipar a vacinação da gripe para março. “É preciso
esclarecer que ainda não temos vacina que previna contra o coronavírus e não devemos ter
nos próximos meses, porque no desenvolvimento de uma vacina ela precisa ser testada para
avaliar a segurança e efetividade e só depois ser usada em larga escala”, avisa a médica. Ela
explica que a vacinação antecipada para março é contra a influenza, que é dada todos os anos.
“A estratégia do governo é correta, porque antecipando a campanha e vacinando a população
contra uma doença que é bastante comum no país, que é a influenza, minimiza-se o risca de
mascarar ou confundir os sintomas com coronavírus. Quando a pessoa vacinada chega no
serviço médico com quadro respiratório, febre e tosse, a chance de ser influenza cai
absurdamente e o médico direciona para outras hipóteses, até coronavírus se o paciente tiver
vínculo epidemiológico”.
A vacinação contra influenza, destaca Roberta, também ajuda o sistema imunológico, já que
reduz o risco de a pessoa adoecer. Assim, se tiver contato com algum caso de coronavírus, a
chance de pegar é menor – não por causa da vacina, mas porque não ficou doente e o sistema
imunológico está preservado. “Se eu não me vacino e pego uma gripe comum, que é
prevenível pela vacina, fico debilitada e depois, se tenho contato com alguém que teve
coronavírus, fica mais fácil eu pegar e fazer a forma grave dessa doença”.
Essa estratégia, diminuindo o número de pessoas com gripe, também evita sobrecarregar o
serviço público no caso de uma epidemia de coronavírus – a médica comenta ainda que ajuda
a diminuir confusão do que é coronavirus e o que é influenza.
Maioria pode pegar a forma mais leve
Como é um vírus novo, Roberta avisa que todos estamos suscetíveis a pegar, mas a maioria a
forma leve, que praticamente não apresenta sintomas. Segundo a médica, as pessoas com
mais idade ou com alguma comorbidade, como doenças respiratórias, formam o grupo mais
propenso a fazer a forma grave, que pode inclusive gerar óbito.
Cuidar do sistema imunológico, manter higiene e abrir as janelas
A melhor forma de evitar o coronavírus e qualquer processo infeccioso é cuidar da saúde e
fazer uma boa higienização. “O que precisamos fazer sempre, não só nesse momento, é
manter o nosso sistema imune o mais saudável possível. Ter uma alimentação equilibrada,
bastante rica em frutas e verduras, para obter a quantidade suficiente de todas as vitaminas, e praticar atividade física”, ressalta a infectologista. “Essa ideia de suplementar vitamina, chás,
nada disso tem comprovação científica. É o seu cotidiano de vida que importa, uma vida
saudável baseada em atividade esportiva regular e alimentação bastante equilibrada”.
Aliado a isso, cuidado de higiene. Quando espirrar ou tossir, lembra Roberta, deve-se cobrir a
boca e o nariz com lenço de papel – nunca lenço de pano – e descartá-lo imediatamente. Se
não tiver lenço, não usar as mãos para cobrir, e sim o antebraço.
Para higienizar as mãos, o álcool gel é uma boa alternativa se a pessoa está em um lugar que
não tem acesso a torneiras toda hora, como no transporte público. Mas a melhor opção,
adverte a médica, é lavar com água e sabão, tomando certos cuidados. “Se a pessoa vai ao
toalete do shopping, por exemplo, e lava as mãos – se a torneira não for de acionamento
automático, precisa usar o papel toalha com que secou as mãos para fechar a torneira ou
fechar com o cotovelo. O mesmo na hora de abrir a maçaneta da porta para sair; se não, não
adianta ter lavado as mãos”.
“São hábitos básicos de higiene que previnem contras esses processos todos de infecção.
Estamos vivendo um verão com cara de inverno, um pouco chuvoso, friozinho. É importante
ter o hábito de manter a casa sempre aberta. A luz solar é excelente porque ajuda a neutralizar
vários patógenos. Deixe o sol entrar, ventilar, que o vírus se dispersa. Higienize os mobiliários
com álcool 70 ou hipoclorito (água sanitária), que mata a maioria dos vírus”.

Nossos agradecimentos à Dra. Roberta Schiavon, médica infectologista da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI)
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Colaboração: Lapidando Palavras